quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ai você escolhe a verdade que lhe convem:

Para Marx, o titereteiro invisível da História chama-se “interesse de classe”: é ele que move os guerreiros, estadistas e pensadores que, ingenuamente, acreditavem estar agindo por Deus, pela pátria, pela veradde ou por qualquer outro motivo.

Para Nietzsche, o interesse de classe ou qualquer outro motivo alegado para explicar a conduta humana não é senão o véu ilusório a encobrir a verdadeira motivação da história toda: a vontade de poder.

Já segundo Freud, todos os personagens do drama, inclusive aqueles que pensam agir por interesse de classe ou por uma nietzscheana vontade de poder, não fazem senão obedecer ao impulso da libido inconsciente recalcada.

Para Jung, ao contrário, o revolucionário de Marx, o recalcado libidinoso de Freud e o ambicioso super-homem de Nietzsche são apenas atores que, sem saber, repetem as tramas arquetípicas de um script milenar registrado no inconsciente coletivo.

Korzybky e Whorf, os fundadores da “Semântica Geral”, pretendem que todo o Ocidente, incluindo Marx, Freud, Nietzsche e Jung, tenha sido enganado durante dois milênio por “pressupostos metafísicos” aristotélicos imbricados na estrutura da linguagem, e que os primeiros a escaparem dessa coerção invisível e onipresente tenha sido... Korzybky e Whorf.

Mas Foucault diz que não é nada disso: o script invisivel, o a priori supremo, chma-se episteme: é aestrutura geral do saber, que condiciona todos os conhecimentos particulares de uma dada época – incluindo as teorias de Marx, Freud, Jung, Korzybky e Whorf – e que de repente, sem razão plausível, muda para outra episteme deixando todos perdidos no ar, como se um cenário rodante girasse de Hamlet para Romeu e Julieta sem dar aviso aos atores.

Olavo de Carvalho apud Arthur Schopenhauer.
"Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão" Pag. 235-237